Em setembro é realizada em todo o Brasil, a campanha de conscientização para Doação de Órgãos. Apesar de o País ter o maior índice de aprovação do mundo à doação de órgãos e ser considerado referência mundial de transplantes, o número de doações efetivas ainda é baixo em relação ao número de pessoas que aguardam em lista.
Isso se dá por causa da recusa das famílias em autorizar a doação, ou pela falta de conhecimento do desejo do falecido em doar os órgãos ou ainda, por desconhecimento e dúvidas sobre o assunto. Selecionamos algumas dúvidas frequentes para que você possa refletir a importância da doação de órgãos e também dizer “Sim à Vida”. Confira:
- Como posso ser doador?
No Brasil, para ser doador de órgãos e tecidos, não é necessário deixar nada por escrito. Basta avisar sua família, dizendo: “Quero ser doador de órgãos”. A doação de órgãos e tecidos só acontece após a autorização familiar documentada. Quando a pessoa não avisa, a família fica em dúvida.
- Quando podemos doar?
A doação de órgãos como rim, parte do fígado e da medula óssea pode ser feita em vida. Já outros órgãos, como coração, pulmão, pâncreas, dentre outros, só é feita em situação de morte encefálica e quando a nossa família autoriza a retirada dos órgãos.

- Quem pode ser o “doador vivo”?
É qualquer pessoa saudável que concorde com a doação de rim ou medula óssea e, ocasionalmente, com o transplante de parte do fígado ou do pulmão, para um de seus familiares. Para doadores não parentes, há necessidade de autorização judicial, aprovação da Comissão de Ética do hospital transplantador e da CNCDO, assim como de comunicação ao Ministério Público.
- Posso doar o rim para um amigo?
Para doar o rim, de acordo com a Lei Brasileira, você tem que ter um grau de parentesco com o receptor (até 4º grau). Esse processo é realizado na clínica em que o receptor faz o tratamento, bem como o encaminhamento para o transplante. Você deve entrar em contato com o médico que trata a pessoa que precisa do rim.
- Quem é o “doador falecido”?
É um paciente internado em unidade de terapia intensiva (UTI) com morte encefálica, em geral depois de traumatismo craniano (TCE) ou derrame cerebral (AVC). A retirada dos órgãos e tecidos é realizada no centro cirúrgico do hospital e segue toda a rotina das grandes cirurgias. A retirada de córnea pode ser realizada até seis horas após a parada cardíaca.
- Como posso ter certeza do diagnóstico de morte encefálica?
O diagnóstico de morte encefálica faz parte da legislação nacional e do Conselho Federal de Medicina. Dois médicos de diferentes áreas examinam o paciente e fazem o diagnóstico clínico de morte encefálica. Um exame gráfico, como ultrassom com Doppler ou arteriografia e eletroencefalograma (EEG), é realizado para comprovar que o encéfalo já não funciona.
- Para quem vão os órgãos e tecidos?
Os órgãos são transplantados para os primeiros pacientes compatíveis que estão aguardando em lista única da central de transplantes da Secretaria de Saúde de cada Estado. Esse processo, além de justo, é controlado pelo Sistema Nacional de Transplantes e supervisionado pelo Ministério Público.
- Após a doação de órgãos, como fica o corpo?
A retirada dos órgãos e tecidos segue todas as normas da cirurgia moderna. Todo doador pode ser velado de caixão aberto, normalmente, sem apresentar deformidades.
- No caso do doador vivo, qual o melhor perfil de doador de órgãos e tecidos?
O melhor doador é aquele que além da compatibilidade do tipo de sangue, tem os antígenos de histocompatibilidade mais semelhantes ao receptor. Esses antígenos são determinados através de um exame de sangue que se chama tipagem HLA. Assim, o melhor doador são os irmãos gêmeos univitelinos. Porém é pouco frequente encontrar pacientes com este tipo de doador. Em segundo lugar vêm os irmãos e/ou irmãs com antígenos de histocompatibilidades idênticos. Depois, os irmãos que possuem 50% dos antígenos de histocompatibilidade iguais ao receptor e os pais. Em seguida vem o doador cadáver.
Projeto cria benefícios para incentivar a doação de órgãos para transplantes
O Projeto de Lei 920/21 concede auxílio-funeral no valor de três salários mínimos (R$ 3.135, em valores de hoje) e isenção de taxas e tarifas relacionadas ao serviço funerário para a família da pessoa que tiver doado órgãos e tecidos para transplantes. O texto tramita na Câmara dos Deputados.
Boca Aberta: falta de conhecimento de autorização das famílias são principais obstáculos para a doação de órgãos
Segundo o texto, o auxílio será pago, preferencialmente, a cônjuge ou companheiro(a) ou, na ausência destes, a filho maior de 18 anos, a um dos genitores da vítima, ou a irmão ou irmã. Feita a doação, a isenção será concedida independentemente do efetivo aproveitamento dos órgãos doados.
Quando o óbito vier a ocorrer em hospital ou posto da rede de saúde pública, deverá, segundo a proposta, a direção da entidade comunicar os benefícios previstos aos familiares.
Autor do projeto, o deputado Boca Aberta (Pros-PR) argumenta que a falta de conhecimento e de autorização das famílias ainda são os principais obstáculos para que milhares de pessoas, que aguardam na fila, sejam atendidas.
“A doação de órgãos é um ato de amor ao próximo e pode ser decisiva para determinar a sobrevivência de uma pessoa”, disse. “Mas a doação só é permitida após a autorização de um familiar, por isso é essencial que as pessoas que tenham in