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Janeiro Branco

O Janeiro Branco é uma campanha liderada por psicólogos e psiquiatras brasileiros para envolver a sociedade em uma discussão sobre a saúde mental. A motivação do Janeiro Branco se baseia na crença de que o adoecimento mental impacta na qualidade de vida dos indivíduos, afetando, por exemplo, a sua capacidade de foco e a sua vontade de sair de casa e de estar entre outras pessoas.

O mês de janeiro foi escolhido porque a chegada de cada ano é, tradicionalmente, um período de reflexões e conclusões (positivas e negativas). Assim, pode trazer tanto frustrações com o que foi alcançado no ano anterior, quanto expectativas de renovação de vida, representando tempo de mudanças – inclusive, comportamentais.

Entenda como começou o Janeiro Branco

A campanha foi criada em 2014 pelo psicólogo mineiro Leonardo Abrahão em um momento no qual o Brasil apresentava altos índices de transtornos de ansiedade entre a sua população.

Em razão disso, logo a iniciativa conquistou amplo apoio da comunidade de psicólogos e psiquiatras brasileiros, se tornando um movimento coletivo e anual.

Qual a importância da conscientização?

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, aproximadamente 300 milhões de pessoas sofrem de depressão no mundo. A doença atinge indivíduos de todas as raças, credos, idades, nacionalidades e classes sociais, afastando-as do convívio social e de uma vida produtiva.

Não muito atrás, a ansiedade alcança cerca de 260 milhões. O Brasil, é claro, não foge dessa tendência.

Atualmente, somos o país com o maior número de pessoas ansiosas no mundo. Também cerca de 86% dos brasileiros apresentam algum transtorno mental. Todos esses dados reforçam a importância de se discutir a saúde da mente. Afinal, seu adoecimento é tão incapacitante quanto doenças que atingem o corpo, podendo resultar em sequelas e até em mortes.

Quais são os objetivos da campanha?

Apesar de ser focada no tema da saúde mental, a campanha Janeiro Branco tem diversos objetivos relacionados. Vejam quais são eles a partir de agora.

  1. Convidar as pessoas a repensarem o seu propósito
    A ideia é promover conversas sobre o sentido da vida de cada pessoa: o que a motiva, o que a faz querer viver um dia após o outro e quais são seus objetivos.
    É importante ter metas a serem alcançadas, especialmente com um significado especial. É o que mantém a sua mente focada e motivada, funcionando como uma razão para encarar um novo dia.
  2. Convidar as pessoas a reverem seus relacionamentos
    Quem são as pessoas que te fazem feliz quando estão ao seu redor? E quem são aquelas que sugam a sua energia e te deixam para baixo?
    Quais são os comportamentos delas que fazem você se sentir assim?
    É importante analisar os seus relacionamentos para que eles não sejam um fardo a ser carregado, algo a mais para gerar estresse ou frustração na sua vida. Também é necessário saber reconhecer um relacionamento abusivo, para impedir que ele drene as suas energias e afete o seu equilíbrio emocional. Assim, será possível identificar relacionamentos tóxicos, com pessoas que não estão agregando na sua rotina.
    É o primeiro passo para eliminá-los e se aproximar de quem realmente te faz bem.
  3. Estimular o autoconhecimento
    Para divulgar os objetivos do Janeiro Branco, frases de impacto foram escolhidas.
    Uma delas diz que o autoconhecimento também tem a ver com a sua saúde mental. E faz todo sentido.
    Pense por um minuto: o quanto você sabe sobre si mesmo? Quanto tempo você dedica a rever seus pensamentos, seus sentimentos e seus comportamentos?
    Ao se manter atento a detalhes da sua intimidade, você será capaz de reconhecer, por exemplo, se existe algum comportamento ou pensamento que indique que algo está errado ou que deva procurar ajuda psicológica.
    Além disso, o autoconhecimento também é uma ferramenta poderosa para tomar decisões que o coloquem no caminho daquilo que te faz bem e para saber evitar aquilo que faz mal.
  4. Evidenciar o tema da saúde mental
    A campanha do Janeiro Branco também se posiciona como uma forma de prevenir o adoecimento mental.
    Afinal, precisamos quebrar o tabu e falar abertamente sobre os males psicológicos para que as pessoas se sintam à vontade para compartilhar suas dúvidas e angústias.
    A liberdade de falar sobre o adoecimento mental é importante também para que todos saibam reconhecer quando estão precisando de ajuda profissional para superar um evento ou fase da vida.
  5. Sensibilizar a sociedade
    A campanha pretende estimular a mídia e as instituições públicas ou privadas a criarem projetos e políticas, investirem recursos em iniciativas ou atenderem demandas relacionadas à saúde mental.
    O Janeiro Branco nas empresas pode significar um estímulo às empresas para oferecerem momentos de folga aos funcionários. É uma medida válida, por exemplo, àqueles que estão sob muita pressão. Também podem promover treinamentos para que suas lideranças reconheçam quando um funcionário precisa de ajuda.
    Já nas instituições públicas, a campanha pode representar uma luta por oferecer tratamento psicológico e psiquiátrico acessível a todos ou mesmo gratuito.
    Assim, se todos fizerem a sua parte para fomentar o conhecimento sobre o tema e as ações de prevenção, quem precisar de cuidados poderá encontrá-los com mais facilidade.
  6. Reconhecer os seres humanos como seres subjetivos
    A nossa vida é movida por emoções, sentimentos, pensamentos, comportamentos e relacionamentos.
    Tudo isso influencia profundamente em quem nós somos.
    Por isso, um dos objetivos do Janeiro Branco é estimular que as pessoas deem atenção à sua saúde emocional, assim como dão à sua saúde física ou financeira, por exemplo.
  7. Promover a saúde mental
    Para efetivamente frear e prevenir o adoecimento mental na nossa sociedade, o Janeiro Branco busca, debate e estuda estratégias para promover a saúde mental no âmbito político, social e cultural.
    É uma discussão proposta para ir muito além do primeiro mês de cada ano.

Quais são os perigos de não ter uma mente saudável

Pessoas que enfrentam algum tipo de transtorno psicológico podem sofrer uma série de consequências que afetam suas vidas, ainda que não tenham sido diagnosticadas.

Um bom exemplo é a dificuldade de cumprir tarefas rotineiras, seja por falta de motivação, foco ou por uma constante sensação de cansaço e esgotamento. A incapacidade de produzir também é um dos sintomas mais comuns.

Tanto é assim que transtornos mentais em profissionais são a 3ª maior causa para os afastamentos do trabalho no Brasil.
Fobias são outro drama a observar, pois podem levar à dificuldade de habitar confortavelmente os ambientes de convívio social.

Além disso, transtornos psicológicos não raro se relacionam com a dependência química, especialmente quando o indivíduo não sabe como lidar com a sua situação de outra maneira.

Como cuidar da saúde mental

Uma série de medidas simples pode ser adotada para que a sua mente permaneça equilibrada e saudável. Nesse sentido, aqui vão 11 dicas para você se engajar na proposta do Janeiro Branco.

  1. Separe um tempo para você
    Todos os dias, tenha um momento para afastar a sua mente das preocupações do dia a dia.
    Isso pode ser feito assistindo a uma série que gosta, preparando uma comida especial, passando tempo com os seus filhos ou fazendo uma rotina de cuidados com a sua pele, por exemplo.
    Exercite o autocuidado e a sua mente irá agradecer.
  2. Saia da rotina
    Às vezes, a melhor forma de se afastar dos pensamentos comuns à sua rotina é realmente se distanciando fisicamente dela.
    Escolha um lugar pacífico, um bom hotel onde você possa descansar e planeje uma viagem sem um roteiro a ser seguido, dedicada apenas a aproveitar o tempo livre e cuidar de você.
  3. Se cerque de quem te faz feliz
    O carinho e as risadas garantidas pela presença de quem te faz bem são armas poderosas para manter a mente relaxada e saudável.
    Além disso, os humanos são seres sociais, nutridos pela troca de experiências e pelos momentos em comunidade.
    O contato físico também libera a oxitocina, uma substância que ajuda no bem-estar e gera a sensação de ser parte de um coletivo.
  4. Se exercite regularmente
    Muito mais do que por uma questão estética, manter o seu corpo ativo significa oferecer a ele uma dose frequente de substâncias como a endorfina e serotonina.
    Elas são poderosas aliadas para a sensação da felicidade e ajudam seu cérebro a se prevenir da tristeza e depressão.
  5. Se alimente bem
    A lógica aqui é semelhante à do exercício físico: manter o seu corpo nutrido do que ele precisa faz com que tudo funcione corretamente, inclusive o seu cérebro.
    Além disso, a alimentação saudável evita que a ausência de alguma vitamina ou nutriente possa causar qualquer tipo de distúrbio hormonal que tenha efeitos psicológicos.
  6. Não tenha medo da terapia
    Ao contrário do que muita gente pensa, o tratamento com um terapeuta não é apenas um recurso a ser acionado em tempos de necessidade.
    Ele pode ser um importante aliado da manutenção da sua saúde mental, na medida em que as sessões podem ser usadas como uma válvula de escape para desabafar os seus temores e angústias.
    Além disso, um profissional da saúde mental irá ajudar a lidar da melhor maneira com as pressões da sua rotina, assim como mostrar uma nova forma de olhar para os seus medos.
    E o melhor: vai apresentar isso com o ponto de vista de quem está de fora da história e consegue enxergar a situação de modo neutro e especializado.
  7. Durma com qualidade
    O sono é o momento que seu cérebro tem para se distanciar de todas as preocupações do dia, desacelerar e deixar que o seu corpo relaxe.
    Por isso, é um momento importante na manutenção da sua saúde mental.
    Para garantir um bom sono, evite consumir comidas pesadas à noite, crie um ambiente escuro e sem influência de telas por pelo menos 30 minutos antes de dormir.
    Outro fator que pode ajudar é promover rituais para o momento de dormir, já que eles funcionam como um aviso ao seu cérebro de que chegou a hora do sono.
  8. Desacelere!
    Sim, trabalhar é importante, mas é preciso saber a hora de desligar o computador e se permitir bons momentos de lazer.
    Afinal, de que adianta ganhar dinheiro se você não tem tempo para aproveitá-lo?
    Estabeleça limites claros na sua rotina e não fique fazendo ligações de trabalho ou checando seus e-mails após o expediente.
  9. Afaste-se das redes sociais
    As redes sociais podem ser um ambiente gostoso para acompanhar o dia a dia dos amigos que você nem sempre consegue encontrar, mas também têm potencial nocivo, especialmente para quem está mentalmente fragilizado.
    Tente sempre se manter ciente de que as pessoas postam apenas os seus melhores momentos ali.
    Portanto, aquelas cenas não representam a integridade de suas vidas.
  10. Medite
    Não precisa ser por muito tempo.
    Bastam apenas alguns minutos por dia para acalmar a sua mente, focar no que importa e voltar a sua atenção para o presente.
  11. Agradeça as pequenas conquistas
    Comemorar as suas pequenas conquistas e as metas de curto prazo atingidas faz com que você produza dopamina.
    Essa é outra substância que promove a motivação e a sensação de ter um propósito.
    Então, de agora em diante, todo pequeno feito deve ser levado em conta para manter a sua mente saudável.

Comissão aprova direitos e garantias às pessoas com transtornos mentais

A Comissão dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Câmara dos Deputados aprovou, nesta terça-feira (27), o Projeto de Lei 4918/19, da deputada Benedita da Silva (PT-RJ), que estabelece direitos e garantias às pessoas com transtornos mentais e inclui expressamente esse segmento no rol das pessoas com deficiência.

O parecer da relatora, deputada Rejane Dias (PT-PI), foi favorável ao projeto, com emenda. O texto aprovado define a pessoa com deficiência para todos os efeitos legais aquela que, após avaliação psicossocial, tem impedimento de longo prazo de natureza mental ou intelectual, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.

A expressão “após avaliação psicossocial” foi incluída pela relatora. Rejane Dias avalia que “apesar de hoje já existirem condições de se fazer o enquadramento de pessoas com doenças mentais, dependendo do grau de acometimento e das dificuldades do ambiente, entende-se que especificar isso em lei pode ser favorável, para evitar interpretações equivocadas e a negação de direitos”.

Direitos e garantias

O texto altera a Lei da Reforma Psiquiátrica para prever direitos e garantias às pessoas com transtornos mentais como: o de exercer atividade profissional; de ser incluído em políticas de reserva de vagas de trabalho em pessoas jurídicas de natureza pública e privada, visando à sua inclusão profissional; de ter direito a igualdade de oportunidades de emprego, assegurada proteção contra a exploração e a demissão do trabalho exclusivamente por motivo de transtorno mental.

A proposta acrescenta ainda que se constitui crime de discriminação contra a pessoa portadora de transtorno mental, com pena de reclusão de dois a quatro anos: proibir o acesso a qualquer cargo público, ou a qualquer concurso público, por motivos derivados de seu transtorno mental; negar, sem justa causa, emprego ou trabalho, por motivos derivados de seu transtorno mental; entre outros.

Internação

A proposta estabelece ainda princípios para os períodos de internação desses pacientes, como a obrigação de tratamento humanitário e com respeito conforme pressupõe o princípio constitucional da dignidade humana, visando assegurar sua recuperação e retorno ao convívio social. Em caso de descumprimento, o texto estabelece que o gestor ou responsável pelo hospital seja responsabilizado na esfera civil, administrativa e criminal e afastado imediatamente de suas atividades.
Tramitação
O projeto será analisado agora pelas comissões de Seguridade Social e Família; e de Constituição e Justiça e de Cidadania; antes da análise pelo Plenário.​

Fonte: Agência Câmara de Notícias